domingo, 28 de janeiro de 2007

Abismo Amarelo: Ao fim só eram os tapetes.

Encontrei-me totalmente torto dentro de um abismo amarelo, minhas recordações mais recentes tinham um ar de desgosto, tudo era como se minha vida tivesse sido uma verdadeira mentira e meus pensamentos, loucuras de uma mente a qual eu não confiava mais , nem nos olhos de minha amada eu emcontrava a certeza. Desfrutei em cada minuto de cansaço interno o tédio de ser totalmente ignóbil, ressentido e por isso, permenaci sentado, embriagado com um maço de cigarro na mão esquerda e a outra no meu bolso direito procurando o fogo a queimar minhas amarguras, apagá-las de vez dessa realidade falsa ao meu ver e pensar.
Ver-se ocasionalmente jogado em uma rua qualquer foi para os meus olhos a cegueira estridente, a vontade de decidir o futuro do mundo, resplandecer a vontade de criar a perfeição para a humanidade ou a imperfeição extrema, para que todos os seres da Terra acordassem perdidos e inigualáveis na vergonha, assim, como eu. Desse dia em diante, tranquei-me em casa por uns dois meses, sem telefone, sem muitos vestuários, conforto, entretenimentos, apenas alguns míseros livros antigos de volumes raros e vários galões d' água, a minha única fonte de desejo. A água cristalina que banhava minha sede, minha garganta que de tão deserta, às vezes, sangrava seus sentimentos que nunca se apagavam e queimavam até às cinzas o meu coração.
Assim, foram meus fins de semanas, meus feriados, meu natal e ano novo. Apertado entre rochas de poeiras, palavras estancadas em paredes como pornográficas portas de sanitários públicos, discos quebrados por todo quarto, bitucas de cigarro, flagelos de um desespero inconfundível como o inferno, como a tempestade. Portanto, meus dias não foram muito costumeiros, nada de remédios, nada de álcool, apenas cigarros, um maço de baralho, livros, poemas e galões d'água que mesmo a temperaturas altíssimas desciam como refresco, sustentando a minha postura indeliquente. Parei para pensar no último dia de minha loucura, abri a janela e vi o pôr do sol, tudo fugiu friamente de minha cabeça, o odor da manhã e o cheiro de café pronto do vizinho me elevou totalmente, fez-me sentir como um eterno guerreiro. Abri a porta e corri até a praça central, beijei o poste e brinquei com os pombos brancos que se encontravam debaixo do banco e em cima das estátuas e assim, fiquei por um quarto de hora, admirando aquela beleza tão simplória, mas ao mesmo tempo muito signifacnte. Eu não tinha dormido, sentei no banco dos pombos e tirei um cochilo emcionante, senti-me novo e elevado, dormindo naquela rua novamente, mas com um privilégio em mente, eu estava feliz apenas sentindo o meu coração bater.
Arrumei minha casa, tudo novo, face nova para mim e para ela. Comprei algumas cortinas novas e contratei uma ajudante doméstica, muito simpática e sem estilo para tal função, mas era estrangeira e procurava trabalho, dizia ela que queria ser atriz e tudo mais, tinha um ótimo conhecimento de arte, fez cursos de teatro e música erudita, tinha um especto generoso e ao mesmo tempo depressivo. Muitas flores revestiam meu novo jardim, muitas palavras doces saiam de minha boca, muitas foto de familiares nos meus corredores, era impossível fugir de tais rostos, de tais aspectos, às vezes, muito assombros. Quadros não foram postos em nenhum lugar, apenas tapetes, que são para mim uma possível arte maravilhosamente arcaica, pois sao como pinturas aonde se pisam, aonde nos esfregamos e fazemos amor, aonde o cachorro se necessita e aonde os cabelos permanecem por muito tempo.

Um comentário:

Victuri disse...

seu macaco com ebola vai se fude !!!
bjos te amos !!!